Brasil aumenta em 15% a doação de órgãos, mas falta de informação é empecilho para salvar mais vidas

O número de transplante de órgãos no Brasil aumentou em 15,7% no primeiro semestre de 2017, se comparado com o mesmo período do ano passado. Com essa porcentagem, o País se mantém em um nível intermediário em um ranking de doações no mundo. No entanto, o médico nefrologista e presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Roberto Manfro, acredita que o índice poderia ser mais satisfatório se a população tivesse mais acesso à informação sobre as doações de órgãos.

— Falar que a doação de órgãos é tabu não é verdade. Hoje em dia, todas as religiões são a favor dos transplantes e não existe malefício relacionado aos transplantes que tenha sido comprovado. O grande problema é a falta de esclarecimento em relação às doações, do que propriamente um tabu. Quando as pessoas são esclarecidas, elas entendem e se posicionam a favor. O diagnóstico de morte encefálica no Brasil é um dos mais seguros do mundo, como exige a legislação, mas tem gente não acredita. Por isso, tem que melhorar a quantidade de informações em todos meios: população, agentes de saúde e classe médica.

O crescimento foi decorrente do aumento da taxa de notificação de potenciais doadores de 4,5% e da taxa de efetivação da doação de 7,2%, explica Manfro.

— Uma parte do aumento das notificações é a pessoa deixar claro para a família o desejo de doar seus órgãos. A outra parte das notificações são dos hospitais. Uma lei obriga os hospitais com determinados números de leito a notificarem os casos de morte encefálica.

Já em relação ao último semestre de 2016, o aumento foi de 11,8%. A taxa de doações passou de 14,6 pmp (por milhão de população) para 16,2 pmp, segundo último relatório divulgado na última quinta-feira (10). O especialista esclarece que os países desenvolvidos têm índices melhores porque têm mais experiência nessa área, mais divulgação das informações e populações mais homogêneas.

— A Espanha, por exemplo, é o país campeão em doação de órgãos e tem política governamental muito forte em apoio à causa. A lei no Brasil é muito boa também e o governo apoia e financia de forma adequada, tanto que alguns Estados apresentam índices tão bons quanto os de países desenvolvidos. O Brasil está no nível intermediário de doações, com 16,2 doações pmp (por milhão de população) por ano e os mais desenvolvidos, 35 pmp em média.

Fonte: http://noticias.r7.com/saude/brasil-aumenta-em-15-a-doacao-de-orgaos-mas...